mel com bolo de coco;
Quem tem um filho hospitalizado sabe: as coisas não andam.
Nos alimentamos, tomamos banho por pura necessidade. Concentração não há. Não
se quer saber de notícias lá fora, do clima, do último acontecimento em Paris,
nada. Só queremos sair dali e passear no jardim.
Enjoamos dos médicos, dos medicamentos, temos o coração
roubado a cada acesso, a cada hemograma, a cada Raio X. É uma experiência que
eu, que já vivemos duas vezes aqui em casa.
Sabemos que pode se repetir, crianças são caixinhas de surpresas. Até o
próximo " dodói" , vamos orando, tecendo correntes de bem, de cura. Sempre torcemos pelo " não vai
precisar."
O interessante de tudo é que no meio disso tem a família, as
avós sofrendo juntas, as tias, as
madrinhas, os amigos, todos de mãos dadas. As orações diárias, o contato
frequente.
Um momento de saúde debilitada pode unir e
reunir aqueles que não estão por perto.
Pode trazer uma Melissa grávida de blusa preta e calça
pantalona, com um potinho com bolo de coco numa visita atrasada, já encerrada,
pode adoçar o que jamais será doce, quando se fala de qualquer noite num
hospital qualquer.
É um gesto singelo que salva vidas. Que salva o ânimo, que
devolve as forças.
Sou uma mãe moderna, conectada, antenada, que lê, que conta
histórias, que sai de uma saia justa como quem sai do banho numa manhã de
domingo.
Mas ver meu filho preso a uma cama de hospital, me desfaz
inteira.
O sofrimento é tradicional até que finde.
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