noites que não são minhas;
Não me lembro, de verdade, qual foi a última vez que dormi
uma noite inteira. Antes de o Lennon nascer o meu maior medo era não acordar
quando ele precisasse de mim, dos meus cuidados. Minhas noites de sono sempre
foram ininterruptas. Quando conversava sobre isso com amigas mães, todas me
diziam “Deixe que o instinto materno se encarregue disto”. Nunca ouvi uma
verdade tão clara.
Nas últimas quatro semanas, Lennon saiu de uma crise
alérgica e entrou num resfriado. Não tem descanso. Você abre mão do seu sono
para aliviar os sintomas, a tosse, mudar a posição dele, se necessário. Você
beija, abraça, acalenta. Nenhuma crise é confortável. Mas temos o poder de
torna-la menos solitária. Pediatra, sibilos, antibiótico, corticoides, aerolin. Quem
tem um filho alérgico já é amigo dessas coisas. É quase um kit sobrevivência.
Estas noites em claro, em vigília são cansativas, sim. São
cansativas. Que me chamem de louca, mas vejo poesia nelas. Só um amor tão
grande e um verso vivo são capazes de fazer o corpo e o coração resistirem aos
corredores de hospitais, postos médicos e emergências.
Enquanto Lennon dorme, ORO. Incluo tudo, sabe: proteção, sabedoria e discernimento, saúde,
conforto e um caminho justo. Acho que vai ser assim até quando ele crescer. Meu coração de mãe não vai estar livre nunca. Desde os dois meses, nas noites de dodói, ele dorme na minha
barriga. Daqui a pouco, não cabe mais. SEMPRE caberá dentro do meu sorriso, dos
meus olhos e das minhas histórias.
*Imagem: Weheartit
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