Um pouco de como tudo começou
A gente sempre acumula sonhos.
E eu, chegada a viver com a cabeça na altura das nuvens, acalentava o
sonho de ser mãe. Era um sonho entre tantos outros.
Desejava, com todas as forças,
que chegasse logo a minha vez, mas via, de longe, meu sonho nas mãos de
outras tantas mulheres.
É... A vida costuma pregar algumas
peças na gente, e, enquanto o mundo girava, eu sempre estava no final da
fila.
A verdade é que, pra começo de
conversa, eu não poderia fazer um filho sozinha, e no meu sonho, esse pai
precisava ser também meu grande amor.
Eu sonhava alto.
Encontrei esse amor aos
26 anos de idade, mas o casamento e a estabilidade de um amor tranquilo
veio somente aos 38. Nesse intervalo (longo) de tempo, o sonho se manteve
silencioso, discreto e, muitas vezes, regado a lágrimas do medo.
Sim, eu tinha medo. Medo de não ser
a minha história. Medo de nunca sentir um bebê no meu ventre, de nunca trocar
uma fralda, de nunca sentir o leite escorrendo do meu peito, de nunca ter uma
mãozinha pequena segurando a minha e de não ouvir alguém me chamando de mamãe.
Me envolvi com a minha própria vida,
tapando olhos e ouvidos, driblando a vontade de ser mãe com um punhado generoso
de razão.
Hoje sei que foi o tempo (DEUS)
arrumando as coisas nos seus devidos lugares, ajeitando tudo para fazer meu
coração sorrir o sorriso mais bonito na vida de quem sonha ser mãe.
O relógio começou a sinalizar em
meu ouvido algo que já sabia – eu não podia perder mais tempo, eu não
tinha mais tanto tempo...
O meu milagre chegou, o universo
conspirou e tudo aconteceu. Casei em dezembro e engravidei dez dias depois.
O mundo se abriu diante dos meus
olhos e o amor se agigantou dentro do meu peito. Passei a viver cada instante
de felicidade. Os nove meses foram a minha eternidade. O medo perdeu espaço
para a certeza de que eu seria capaz de amar além do que podia imaginar!
Ser mãe aos 39 anos me fez um bem
danado. Descobri que, na verdade, o tempo foi meu aliado, a maturidade trouxe a
tranquilidade, trouxe a espera calma e serena e a convicção de que o melhor
estava realmente por vir.
Mesmo tendo sido mãe mais velha,
ainda assim preservei a disposição em aprender. Porque mãe ensina, mas
aprende todo dia também.
Hoje Rafael (meu filho, esse da
foto) tem 4 anos, e meus dias são infinitamente mais cheios. Cheios de
sorrisos, lágrimas, trabalho, dores, cura, comidas, roupas, tartarugas ninjas,
heróis, paciência e a falta dela, alegrias e amor...
Porque, além de tudo, tem ele, meu
filho! E com ele, todo o amor desse mundo.
Agora vou ter que sair! Ele está
aqui segurando minha mão com sua mão pequenina e dizendo bem alto: “Manhêêêêêê!”.
PS: Eu volto!
*Imagem: Arquivo Pessoal
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